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Tutorial de criação gráfica por Esther Morales, ilustradora

 

Embora me fascine criar personagens do zero, conceber e dar vida a ilustrações saídas diretamente da minha imaginação,  a minha mente também está povoada de fan arts.

Videojogos, séries, livros, filmes… existem mil mundos que me chamam a atenção, cujo ambiente e história me apaixonam, e que adoraria desenhar com o meu estilo pessoal, como uma pequena homenagem a todas as mentes e mãos pensantes, criadoras destas maravilhas gráficas.

Princesa Mononoke foi um desses filmes que marcaram um antes e um depois, na minha vida. Aqueles que desfrutaram das paisagens sublimes, da banda sonora de arrepiar, e que desejaram a partir do seu sofá juntar-se à batalha  de San para salvar o bosque, sabem do que eu estou a falar.

Neste tutorial vou mostrar o processo da minha ilustração em homenagem a esta longa-metragem, realizada pelo mestre Hayao Miyazaki. Desde a ideia inicial até ao resultado final passaram mais de 20 horas mas, graças a The Art Boulevard, podem avançar de um passo para o seguinte em alguns minutos.

Espero que achem interessante!

 

Passo 1: a ideia

 

Como em todos os processos criativos, o primeiro passo é gerar uma ideia. O que quero que apareça na minha ilustração? O que vão estar os personagens a fazer? Qual será a composição da imagem?

No meu caso, queria uma composição dinâmica, que refletisse toda a ação que se desenvolve no filme, e onde aparecessem os protagonistas: San e Ashitaka. As figuras estão dispostas de forma circular, de modo a que o olhar do espetador vá de um ponto ao outro da ilustração guiado pelo movimento dos personagens.

 

Passo 2: a linha

 

O meu processo de trabalho é, sempre, começar com lápis e papel para fazer o esboço e a sua linha mas, como costuma dizer-se, “cada cabeça sua sentença”, e há artistas que trabalham de modos totalmente diferentes. Ao desenhar a linha, costumo ter muito claros na minha mente os detalhes da imagem e a atitude dos personagens, para que o desenho fique bastante sólido, embora possa sempre alterar algum elemento na altura de colorir. Quando estou satisfeita com o desenho, faço scan e inicío a introdução de cor digitalmente. Por vezes, como neste caso, excluo algumas imperfeições e defino melhor os traços principais, limpando o desenho, e outras vezes prefiro manter o ruído dos traços e o grão do papel.

 

 

Passo 3: manchas de cor

 

Começar com a cor é sempre um passo muito complicado para mim, demoro a decidir que tons usarei e quais serão os melhores  para criar a atmosfera que procuro para a ilustração. Aqui podem ver que adicionei uma base de cores gerais, para ficar com uma ideia do ambiente geral da luz diurna da cena.

 

Passo 4: começar com o contraste

 

A fase seguinte da ilustração é começar a introduzir luzes e sombras, criando assim volume nas figuras e naquilo que as rodeia. Também podemos enriquecer a imagem com mais tons dentro da mesma gama cromática; a partir de um verde podem gerar-se centenas de tons, por isso não se conformem com o primeiro que sair, joguem com a paleta de cores.

 

Passo 5: profundidade e planos

 

Neste ponto do processo, tive a sensação de que os três planos (San, Ashitaka e Caminhante Noturno) não possuíam relação entre si nem conferiam uma sensação de espaço. Apesar da ilustração não ser realista no que diz respeito a planos de distancia (assemelha-se mais a uma apresentação de personagens do género que surge nos cartazes dos filmes), queria que existisse um espaço entre os planos, e não sabia como fazê-lo.

Finalmente consegui, adicionando um tronco de árvore atrás de San, que além de trazê-la para primeiro plano, remarcava a direção do salto do lobo, e adicionando também uma neblina envolvendo o Caminhante Noturno, colocando-o na lonjura do último plano e conferindo-lhe uma translucidez muito caraterística do personagem.

 

Passo 6: detalhes, detalhes e mais detalhes

 

Por fim, tudo se resume a adicionar detalhes e aperfeiçoar o desenho, até chegar ao ponto em que estamos satisfeitos, ou quase, com a ilustração. Neste passo, tudo depende do estilo que queremos imprimir ao nosso desenho, pode ser mais leve, dotando a imagem de frescura, ou podemos continuar a trabalhar nela se quisermos um acabamento mais realista ou definido. Neste caso, eu procurava um resultado final bastante acabado, e por isso continuei a polir os detalhes, até ficar conforme o resultado desejado.

 

E este é o resultado final de todo o processo. Após a linha traçada a lápis, a cor da ilustração foi elaborada integralmente com o pincel redondo do Adobe Photoshop, jogando com a opacidade e a pressão no tablet. Quando terminei a imagem, conferi a saturação e contraste das cores, e adicionei um pouco de ruído (em filtro>ruído>adicionar ruído) para que que no fim não ficasse com um aspeto demasiado digital. 

 

Obrigada pelo vosso tempo e espero que tenham desfrutado deste tutorial! 

 

Esther Morales Sánchez

Portfolio: www.esthermorales.carbonmade.com

Página oficial de Facebook: www.facebook.com/EstherMoralesIllustration

Blog: www.ansiacreadora.blogspot.com

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