Falámos com a María Salas, diretora da Agenda Magenta, uma plataforma para projetos culturais independentes do centro de Madrid. A Agenda Magenta acaba de nascer há poucas semanas, mas já promete. O seu objetivo: dar um empurrão a infraestruturas e coletivos artísticos independentes do centro de Madrid.

O que é a Agenda Magenta?

A Agenda Magenta é uma plataforma para a difusão e visibilidade de projetos e criadores independentes de Madrid. Por um lado, é uma agenda cultural online, dedicada a promover eventos e workshops de iniciativas que não costumam ter recursos nem capacidade para chegar aos canais de informação habituais. Para além disso, a Agenda Magenta leva a cabo produções e atividades em colaboração com os espaços e artistas que fazem parte da cena cultural independente. Nesse sentido, a ideia é procurar fórmulas para que todos continuemos a crescer e a desenvolver-nos em todos os aspetos.

Como, quando e porquê nasceu a Agenda Magenta?

A Agenda Magenta é um projeto que começou a tomar forma há apenas alguns meses quando decidi deixar o meu trabalho anterior. Trabalhei em pequenos espaços culturais e em instituições públicas ou subsidiadas. A minha experiência nas instituições tem sido bastante catastrófica, pelo menos no meu caso passei por lugares onde se desperdiçam os recursos, onde não há uma gestão competente e onde os objetivos se medem exclusivamente em números. Não é uma forma de fazer cultura que me interesse, nem que me satisfaça. Contudo, nos espaços pequenos costuma haver outro tipo de implicação, de proximidade, que me atrai muito mais. A Agenda Magenta foi um projeto que nasceu da constatação das dificuldades que têm essas iniciativas em pequena escala para se darem a conhecer.

O que procuras levar a cabo com a Agenda Magenta? Quais são os teus objetivos?

A ideia fundamental é criar um canal no qual os projetos independentes sejam visíveis, sem interferências de outro tipo de entidades. Não digo que muitas delas não façam um trabalho incrível, simplesmente acredito que é difícil encontrar publicações que não façam eco das atividades dos centros que já todos conhecemos. Além disso, a Agenda Magenta tem essa vocação de plataforma que facilita que aconteçam coisas; sejam colaborações, atividades, ou simplesmente a procura de fórmulas novas para continuar a fazer aquilo de que gostamos, aquilo em que acreditamos, e poder viver disso.

Quantas pessoas fazem com que a Agenda Magenta seja uma realidade? (de maneira voluntária ou não)

Neste momento, a Agenda Magenta é uma obra de uma pessoa só. Eu mesma. Ainda que estejam para entrar em breve outras duas pessoas e, além disso, haja colaboradores que vão começar a trabalhar com a agenda brevemente.

Que tipo de infraestrutura tens? Uma associação? Empresa? Instituição pública? E porquê esta escolha?

Eu, como responsável da Agenda Magenta, sou autónoma. Não pretendo a fórmula de associação porque tenho claro que faço aquilo de que gosto e vivo disso. Para além de me apaixonar, é a minha atividade profissional e o que paga as minhas faturas.

Que tipo de projetos, espaços ou artistas poderiam aparecer na Agenda Magenta? Como podem entrar em contacto convosco?

O requisito fundamental para que um espaço ou projeto passe a fazer parte da Agenda Magenta é simplesmente tratar-se de uma iniciativa independente, ou seja, que esteja à margem de instituições e de entidades públicas ou subsidiadas.

E, de momento, a Agenda Magenta tem como condicionante geográfica que os projetos e criadores realizem o seu trabalho na região centro de Madrid, por questões puramente logísticas. Se crescermos o suficiente para irmos abarcando novas zonas, será estupendo.

Para nos contactarem, podem fazê-lo pelo Facebook, pelo Twitter, preenchendo o formulário do nosso website, ou escrevendo para [email protected].

Que conselhos, que lhes sirvam para impulsionar as suas carreiras, poderias dar, a partir da Agenda Magenta, aos criadores emergentes ou aos gestores culturais jovens?

Não sei se existe algum conselho para além de "faz aquilo que queres e aquilo em que realmente acreditas". Ajuda terem formação, conhecerem os requisitos técnicos, legais, etc. No fim, creio que o que conta é que tenhas vontade de o fazer. E a fórmula de como o fazer acabará por surgir sozinha. E pode suceder que não tenha nada a ver com nenhuma outra, por isso, às vezes, é melhor não fazer caso dos conselhos dos outros. Cada caso é único. Há que ter, sim, muito, mas muito empenho, e tentar por tudo.

Como vês a Agenda Magenta daqui a três anos?

Pois, vejo-a bem, na verdade... Eh eh eh. Eu acredito que daqui a três anos a Agenda Magenta será um projeto consolidado. Creio que será um canal de referência para aqueles que procuram saber o que está a acontecer no panorama da cultura alternativa de Madrid. Também acredito que o trabalho de intermediação, de colocar em contacto as pessoas criativas, levar a cabo projetos, etc., se terá intensificado e também será notório.

Quais são os projetos da Agenda Magenta a médio prazo?

Ir dando forma às primeiras coproduções com espaços associados, somar colaboradores de todos os âmbitos e crescer em todos os sentidos possíveis. Isto acaba de começar, pelo que o objetivo é realmente ir desenvolvendo todas as capacidades do projeto no tempo devido.