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XIII Bienal Internacional de Fotografia de Córdoba - Convocatória secção paralela
DEPOIS DO DILÚVIO - Fevereiro-abril 2013.
“Quando despertas, com os restos de um paraíso entrevisto em sonhos,
e agora te penduram como o cabelo de alguém que se afogou:
uma náusea terrível, uma ansiedade, um sentimento do que é precário,
falso e acima de tudo inútil. Cais para dentro."
Julio Cortázar, Rayuela
Constatar que a arte se ocupa predominantemente do imaginário, é evidente. Mas não tanto assim se, sublinhando essa condição fictícia, procuramos reagir a um paradigma no qual, quem sabe por demasiado tempo, esta sofreu uma certa depreciação. Referimo-nos ao paradigma da arte enquanto conceito, que tem dominado a cena artística desde finais dos anos 90 do século passado. Uma hegemonia, sujeita já a um certo desgaste, que uma nova vaga de surrealismo e fantasia vem substituir na atualidade. Basta ver os últimos filmes de Terrence Malick ou Lars von Trier para descobrir que o retorno do imaginário é uma tendência cada vez mais influente na nossa cena cultural.
Fazendo frente a um modelo de criação mais interessado em comunicar do que em transmitir, cuja narrativa se encontra ligada a um contexto específico, que é obcecado pelo presente e pelo que é atual, esta nova tendência que aqui comentamos aponta para situações que não têm já uma especificidade no tempo, nem uma localização concreta. Abordam-se agora temas universais e situações trans-históricas que, em muitas ocasiões, ocorrem em cenários imaginados. A crónica da realidade e o formato documental, que caraterizavam o paradigma anterior, vão sendo substituídos por um universo irreal que aspira a enfatizar o caráter emocional da experiência estética e que busca, sobretudo, novas sensações.
Não restam dúvidas de que este ar de introspeção, este "cair para dentro" da arte do nosso tempo, é resultado de um certo colapso intelectual. Mas não é menos certo que resulta, acima de tudo, de um ambiente de crise sistémica que parece desembocar num regresso ao essencial; um regresso à ordem que está a desempoeirar velhos conceitos, como o fascinante ou o belo, que, embora nunca nos tenham abandonado, cobram agora uma surpreendente e ansiada vigência. É como se o regresso ao sensível se tivesse convertido numa forma revolucionária de criação após o dilúvio que, em forma de crise global, nos tem vindo a arrasar.
A proposta de curadoria para a XIII Bienal Internacional de Fotografia de Córdoba debruça-se sobre esta transformação recente do paradigma estético, que se tem projetado com especial intensidade no domínio fotográfico. Nas suas secções oficial e paralela irá mapeá-la através de exposições que partilham uma trama de interesses comuns, que podem resumir-se nos seguintes conceitos-chave:
· Emancipação da imagem face à informação que transmite.
· A subjetividade impõe-se à comunicação: o espectador é convidado a construir os significados.
· A imagem e o tempo convertem-se num só: efeito cinema.
· Naturaleza artificial /construída da fotografia.
· Imagens que não se deixam encapsular pela notícia e que constroem antes uma narrativa aberta.
· O enigma e o fascínio regressam ao imaginário da fotografia.
· Avançar uma definição de beleza para o século XXI.
Enquanto a secção oficial será curada por Óscar Fernández López, a secção paralela desta edição irá articular-se com uma convocatória aberta a todos os agentes culturais interessados: autores, locais de exposição... (públicos ou privados). Esta convocatória, através da qual o convidamos a participar, baseia-se nos seguintes aspetos:
- Convite aberto a participar na secção paralela da XIII Bienal Internacional de Fotografia de Córdoba, apresentando um projeto de exposição o mais detalhado possível e incluindo uma avaliação de custos, em formato impresso ou digital (PDF), endereçado a:
XIII Bienal Internacional de Fotografía de Córdoba
Att. Francisco Palomar
Delegación de Cultura, Ayuntamiento de Córdoba
Palacio de Orive, Plaza de Orive, 2
14002, Córdoba
- Os projetos recebidos serão avaliados e selecionados por uma comissão de especialistas constituída por um membro da Câmara Municipal de Córdoba, pelo presidente da AFOCO, pelo consultor de fotografia da Câmara Municipal de Córdoba e pelo curador da Bienal.
- Este júri terá a responsabilidade de decidir que projetos, de entre os recebidos, irão incorporar a programação paralela da presente edição da Bienal. Além disso, o júri atribuirá aos selecionados os recursos económicos da Bienal destinados a esta secção, com o objetivo de cobrir os custos de produção, com um valor máximo de €3 000 por projeto.
- As propostas selecionadas deverão demonstrar, para além dos requisitos formais e administrativos habituais neste tipo de convocatórias, uma vinculação, intectual ou estética, com o discurso conceptual da Bienal. Convidamos os participantes a refletir sobre os conceitos-chave que articulam as restantes exposições e atividades que compõem esta edição número XIII da Bienal de Fotografia de Córdoba, seja para os explorarem desde qualquer ponto de vista imaginável, ou para os refutar.
- O prazo de receção de propostas termina a 31 de outubro de 2012.
