Durante os últimos anos tem-se registado uma dinâmica cada vez maior na realização de projetos de arte em espaços públicos, tanto urbanos como naturais. Estas iniciativas pretendem não só decorar e embelezar os espaços públicos ou comemorar acontecimentos, mas também aproximar a arte contemporânea do público e incentivar os projetos e programas culturais, de forma a que se estendam a todos os âmbitos da sociedade.  

Existe uma nova consciência no que diz respeito à intervenção, à aproximação e à proteção dos espaços públicos e naturais. É cada vez mais recorrente a descentralização de locais de exposição como museus, galerias e outros espaços específicos de exibição. Estas atividades têm como objetivo sair do âmbito tradicional e oferecer novos espaços alternativos, dando aos artistas a oportunidade de trabalharem em outro tipo de ambientes.  

Para poder realizar um bom projeto de arte pública, os criadores devem colocar a si próprios questões como: Quem são as pessoas envolvidas num projeto de arte pública? Que tipo de critérios devem ser seguidos? Que objetivos deve cumprir um projeto de escultura num espaço urbano ou natural? Como deve ser gerido um projeto para um espaço público? Que critérios deve um artista ter em conta ao executar um projeto para espaço público? Deve pedir a opinião e o aconselhamento de especialistas nestes projetos? Quais os critérios a seguir para uma boa integração de uma obra num espaço público? Que tipo de materiais devemos utilizar para uma obra em espaço público? Onde devem ser localizadas as obras nos espaços públicos? Deve pedir-se opinião local? Quais são as causas do vandalismo? Como restaurar e conservar obras em espaços públicos? Ect.

Na plataforma The Art Boulevard incentivamos todos os colaboradores que pretendam conceber um projeto ou responder a uma convocatória de arte pública a terem em conta o contexto cultural, geográfico, político e social do local onde o projeto será implementado. Tanto artistas plásticos como cenógrafos, músicos, poetas, bailarinos ou performers podem inspirar-se no ambiente em que vão apresentar o seu trabalho, de forma a que este fique em sintonia com o local para onde foi concebido.

São muitos os artistas que têm por base esta ideia nos seus projetos para espaços públicos, utilizando os recursos naturais de forma absolutamente respeitosa em relação ao meio ambiente envolvente. Graças a estes projetos aprendemos a observar o nosso ambiente de outra forma e sob outra perspetiva, fazendo do que é efémero e frágil uma qualidade e um elemento de proteção. Andy Goldsworthy é um desses artistas. 

As obras de Goldsworthy caracterizam-se pela adaptação dos seus projetos ao meio ambiente através da utilização de materiais que provêm diretamente da natureza e do lugar onde a obra permanecerá localizada durante o seu período de existência. O artista utiliza o meio natural como cenografia para as suas obras: os seus projetos de gelo, de folhas ou de pedras dão vida a estes materiais extraídos da terra, criando formas, composições e esculturas que se integram na paisagem e que, como qualquer elemento orgânico, têm um ciclo de vida em que terminam mimetizando-se com a paisagem.

Andy Goldsworthy não introduz nada de estranho ou exterior à paisagem, fugindo de formas ostensivas e apresentando obras de arte que mais não são do que a natureza reciclada.   

Goldsworthy é um dos artistas em que podemos pensar como fiel representante desta ideia, mas há muitos mais: Robert Smithson, Richard Serra, Susana Solano, Fernando Sánchez Castillo ou Francis Alys, entre outros. Incentivamos-te a rever o trabalho de todos eles para analisar como as suas obras se tornam inseparáveis do local para onde foram concebidas, sejam elas em forma de escultura, performance, vídeo ou pintura. 

Desta forma… “Que seja Site Specific”