Entrevista realizada por DAVID PIMENTA

Reparas que tudo tem alma: até a árvore te olha chamou-nos a atenção, para além da artista Joana Bernardo já ter sido entrevistada para o The Art Boulevard há uns meses atrás. Fomos saber o que é que esta artista, a tirar mestrado em Design Gráfico e Projetos Editoriais no Porto, está a desenvolver, sobre as motivações para este novo projeto e o que está a preparar.

Este projeto surgiu no contexto do mestrado que estás a frequentar?

Sim. Eu estou a frequentar o mestrado de Design Gráfico e Projetos Editoriais, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Este projeto surge no contexto da cadeira de Estudos Avançados em Design Editorial e Tipografia orientada pelo João Martino e o Miguel Almeida.

Como tiveste esta ideia? Em que te inspiraste?

O objetivo consistia em dominar a narrativa. Estudar a relação da imagem e da palavra, a escala, o tempo, o espaço e a própria sequência. O desafia era criar uma narrativa fluida e criativa em que a mensagem a transmitir fosse perceptível por parte do observador. Assim, numa primeira fase selecionámos uma imagem e uma frase. Optei por uma fotografia da minha autoria, uma árvora do Parque D. Carlos I nas Caldas da Rainha. E automaticamente criei a frase Reparas que tudo tem alma: até a árvore te olha como legendagem da minha imagem. Na fase seguinte, selecionámos 50 palavras de um jornal que descrevessem a nossa seleção e dividimos em 5 grupos. Para cada grupo selecionámos 5 imagens de acordo com as palavras e o tema inicial. A partir daí, tínhamos de construir uma nova narrativa com a mesma mensagem, desenvolvendo o nosso raciocínio criativo.

Optei por abordar a questão do tempo e da presença/ ausência. O facto de a árvore se assemelhar a um rosto e de sugerir que tem vida, que tem uma alma surge também a questão de presenciar várias gerações, vários momentos humanos, já que a durabilidade de uma árvore é maior que a de um ser humano. Optei pelo formato horizontal pela associação de uma linha temporal, com frames da evolução da árvore em simultâneo com uma família. É retratado a passagem do tempo que é visível nas passagens das estações do ano e na evolução cíclica de uma família: infância, adolescência e fase adulta. Entusiasmei-me e criei várias gerações que mantêm uma relação com aquela árvore. As grandes raízes são testemunhos da sua longa presença.

A questão temporal é um assunto importante para os teus trabalhos editorais ou foi um mero acaso?

É importante. (In)Conscientemente abordo sempre a questão do tempo. Desde os meus projetos Etéreo e Quimera através da durabilidade das soluções químicas, Alterable Place com a oxidação do metal, projetos editoriais como este onde a linha temporal da vida interessa-me, Eu sou tanta coisa um projeto autobiográfico em que abordo a minha própria linha temporal. O projeto Arquétipo que consiste numa investigação só de padrões existente na Cidade Invicta, desde ornamentos, pavimentos e azulejos, com fotografias e desenhos vectoriais que retratam a história e evolução arquitectónica do Porto, e um outro projeto designado por Palimpsesto que consiste numa publicação focada nos processos criativos de artistas de várias áreas: o atelier, que lugar é esse onde tudo se passa?; Processos criativos: onde e como surgem? – mais uma vez, o tempo numa forma de processo, interessa-me bastante.

Tens outros projetos editorais que queres mostrar às pessoas e também às entidades patronais?

Sim! O projeto Arquétipo e Palimpsesto valem a pena!

Podes ver, mais abaixo, algumas imagens de preparação deste projeto editorial e, de seguida, o resultado final:

Árvore de inspiração para Joana Bernardo

Etapas e processos do trabalho de Reparas que tudo tem alma: até a árvore te olha

Perfil oficial de Joana Bernardo no The Art Boulevard: http://bit.ly/1qZzBwT

Joana Bernardo no Facebook: https://www.facebook.com/joanafillipabernardo

Joana Bernardo no Behance: https://www.behance.net/joanafilipabernardo