Conversámos com Joana Bernardo, artista plástica e membro da nossa comunidade, depois de vermos a coleção Etéreo. Licenciada em Artes Plásticas pela Escola Superior de Artes e Design (ESAD) e a frequentar, atualmente, o mestrado em Design Gráfico e Projetos Editoriais na Faculdade de Belas Artes do Porto, Joana afirma que quer continuar a evoluir como artista, a continuar a série Etéreo, a trabalhar com outros criativos e não só.

Olá Joana. Em primeiro quero saber o que são, para ti, artes plásticas?

As artes plásticas, para mim, são uma liberdade de comunicação, de pensamento. É a oportunidade de te focares detalhadamente em assuntos, e explorares livremente. É uma área de paixão, de persistência. Tens que saber aceitar o erro, e tentar e voltar a tentar até atingires o resultado que pretendes. É uma área de reflexão. Tu interiorizas o teu trabalho, e inevitavelmente faz parte de ti. Torna-se a tua presença sem estares fisicamente presente.

“(...) o lugar onde o criador exerce a possibilidade de ultrapassar os limites da realidade.” Francisco Lima

Porque decidiste seguir essa área artística a nível académico?

Pelo processo, dedicação e relação que crias com os projetos. Primeiro uma relação entre ti e a obra, desde que surge até estar finalizada, e depois a comunicação que tens com o público através dela. 

Podes descrever os trabalhos que tens desenvolvido? Sentes que houve uma evolução em ti como artista?

Nos meus projetos questiono o espaço e a sensibilidade visual. Tanto na série Etéreo através da criação de imagens que iludem espaço, como nas peças Alterable Place em que as penas são de metal – o que cria uma ambiguidade entre o objecto real e o objecto criado – e que têm uma disposição provisória e alterável. 

Quanto à evolução enquanto artista é inevitável. São projetos onde o processo é bastante presente e que atingem uma maturidade que nos enriquecem tanto a nível cognitivo como técnico.

Podes explicar-nos a tua coleção Etéreo? Em que consiste, que materiais utilizaste, qual a tua mensagem?

A minha coleção Etéreo surge no final do primeiro ano da licenciatura. É um projeto de dois anos em que o processo é visível, e por essa razão está dividida em séries. Questiona o espaço, o tempo e a profundidade através do gesto e da decisão. São formas dentro de formas, que iludem profundidade através da transparência e da sobreposição, da ampliação ou da seleção. O meu trabalho baseia-se na criação de imagens que iludem espaço através de um processo de contacto direto. 

Utilizo materiais como a tinta-da-china, detergente, glicerina, farinha, entre outros. O atelier é uma espécie de laboratório. Faço várias soluções químicas, e vou testando-as e acompanhando a transformação ao longo do tempo. E daí surge a colecção Etéreo.

Tens conseguido exibir os teus trabalhos. Como tem sido o feedback das pessoas que veem as tuas obras?

Tenho participado em exposições colectivas, e em alguns concursos. O feedback tem sido interessante. É gratificante vermos as pessoas a observarem os nossos trabalhos. A questionarem, a comunicarem com as obras. A partilha é importante. 

Sentes que Portugal oferece oportunidades a jovens artistas como tu ou é necessário “abrir asas” e ir para outros países?

Acho que está a evoluir. Estão a surgir plataformas e redes artísticas, tal como o Art Boulevard, galerias, residências artísticas e concursos que possibilitam a divulgação do nosso trabalho e que nos oferecem algumas oportunidades. Mas precisamos de mais. E aí surgem as ofertas dos outros países.

Por fim pergunto, quais são os teus objetivos para o futuro? O que queres desenvolver enquanto artista?

Quero desenvolver projetos. Quero continuar com a coleção Etéreo. Quero expor e trabalhar com outros criativos. E estou, neste momento, a desenvolver um projeto sobre processos criativos, de diversas áreas. O que está por trás da obra ou produto final que nos é apresentado? Quem? Onde? Como? Porquê?

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Contato: [email protected]

Perfil de Joana Bernardo no The Art Boulevard: http://bit.ly/1qZzBwT